sábado, 10 de janeiro de 2009

Os Burros do Ti Parente

Joaquim Cardoso, mais conhecido pelo “ Ti Parente”, era natural de Terena e solteirão. Era um homem baixo, poderia ter cerca de um metro e meio de altura. Era o que se poderia chamar de, muito dado para toda a gente. Era um pouco brincalhão e gostava de beber o seu copito nas tabernas que na época, abundavam em Terena.
Apesar da sua fraca estatura, pensava ser um homem valente mas veio a provar-se o contrário com uma partida que o Ti Evangelista lhe pregou. O Ti Parente era irmão da minha avó paterna, Mariana Cardoso. Recordo-me que em criança ir chamá-lo à taberna do Ti Quintino para ir jantar ou cear a casa da minha avó, claro que ele tinha sempre um reboçadito para me dar e que deveria custar prá ai meio tostão.
Quando era criança, o meu pai tinha por hábito de me contar estórias, ao canto da chaminé, onde o lume nos aquecia. Contou-me que numa noite de Inverno, o Ti Parente, indo pela estrada da Boa Nova montado num burro e levava outro preso àquele onde ia montado. Ao passar mesmo em frente ao cemitério, o Ti Evangelista tio materno de minha mãe, que estava escondido atrás de uma árvore, que ainda hoje lá está, montou-se no último burro sem o Ti Parente se aperceber, com o propósito de lhe pregar um valente susto. Naquela época, era muito frequente as pessoas terem um certo receio de passar naquele local. Ora, o Ti Parente, também não era excepção, embora tivesse a mania de ser um valentão.
O Ti Parente ao olhar para trás, viu um vulto em cima do último burro. Rapidamente saltou do animal e ó pernas pra que te quero.
O Ti Evangelista gritava a todo o pulmão.
Anda cá ó Parente, anda cá ó Parente. Sou o Evangelista. Qual quê? O Ti Parente já não ouvia nada, tal era o cagaço que dele se tinha apoderado.
Conta-se que o Ti Parente, andou durante muito tempo com uma espingarda para lhe dar um tiro e então esperava-o à porta de casa, para acerto de contas. Mas havia sempre uma vizinha, que avisava o Ti Evangelista da presença do ti Parente.
Felizmente para os dois e suas famílias, nunca aconteceu nada de anormal.
Luís de Matos

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