sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Fundamento "A Rainha Santa Isabel" 7.º Episódio


INFANTE D. AFONSO 104
Soldados e oficiais
Faleceu o nosso Rei
Decerto eu ficarei
Acompanhem os restos mortais
Três dias de luto nacionais
E a vida continua
O funeral sai à rua
Todos vamos acompanhar
Nós vamos todos rezar
Por a alma sua.

MINISTRO CONSELHEIRO 105
À base da nossa lei
Vamos o nosso rei coroar
Vamos-lhe honras prestar
Eis aqui o nosso Rei
Queira assinar e eu assinarei
Queira as vossas ordens dar
Queira vossa Majestade assinar
Para urgente obedecer
Estamos prontos a morrer
Pela Pátria a lutar
(Fala para D. Afonso IV e dá-lhe um papel para assinar)

D. AFONSO IV 106
Sendo eu o novo Rei
Todos devem obedecer
Cada um sua obrigação fazer
E eu também cumprirei
Em breve, melhor salário lhes darei
Para viverem desafogados
Todos são bons soldados
Temos que a Pátria bem servir
Pois cada um pode ir
Aos lugares já destinados.

D. AFONSO IV 107
Juro perante esta coroa
Que cumprirei o meu dever
Sempre bom Rei, hei-de ser
E digna pessoa
Quanto à hora que Deus soa
Todos nós vamos curvar
Deus nos vai abençoar
Eu a todos sou perdão
Cada um para a sua obrigação
Podem retirar.

TODOS 108
Com vossa licença.

D. AFONSO IV 109
Viva Portugal!
(Dizem todos)

MESTRE 110
Foi assim que aconteceu
Segundo reza a nossa história
A Rainha cheia de glória
Título de santa mereceu
Ela muito se compadeceu
Por quem trabalhava e sofria
Tudo pelos pobres fazia
Por todos era adorada
Ainda hoje é lembrada
Rezamos-lhe uma AVÉM MARIA.

BANDEIRA 111
Bandeira querida adorada
Adorada querida Bandeira
É a nossa brincadeira
És a nossa querida amada
Estás ao vento desfolhada
Tens lindas cores que confundem
Dás alegria e saúde
A quem sempre te acompanhar
O Céu é o teu lugar
Cheia de glória e virtude.

MESTRE 112
Terminou o fundamento
Mas vamos mais apresentar
Os fastudos vão começar
Com o seu advertimento
Trazem eles o seu intento
De nos fazer rir um bocado
São rapazes atilados
Fazem rir sem terem graça
O Chupa Torcidas e o Carcaça
São os dois apalhaçados.
(Fala para o Povo, quando o D. Afonso se retira com a mãe).

MESTRE 113
Mas antes de começar
Vou-lhe um pedido fazer
É claro se poder ser
Não vou alguém obrigar
Sempre temos de gastar
Tudo acarreta despesa
Com minha delicadeza
Com minha canoa na mão
Peço a quem tem bom coração
Que nos ajudem com a sua franqueza.

MESTRE 114
Cada um o que quiser dar
Nós vamos agradecer
Temos que este pedido fazer
Temos coisas a pagar
Pensámos então apelar
De cada um uma ajudinha
A lembrança não é só minha
É do grupo em geral
Deitem para a roda o metal
E se quiserem uma notinha.

CANTIGA

ESTRIBILHO
I
Rainha Santa Isabel
Como ela não houve igual
Rainha Santa Isabel (canta o Grupo)
Rainha de Portugal


(canta o Mestre. Se este não tiver muito jeito para cantar, é substituído por outro elemento do grupo) A Rainha Santa foi
Uma santa cá na terra
Vejam na história a verdade
Que sempre evitou a guerra.

ESTRIBILHO
III
Rainha Santa foi
Daquelas mais virtuosas
Era Santa com certeza
Transformou pão em rosas.

ESTRIBILHO
IV
A Rainha está no céu
Em companhia dos anjinhos
Cá reza a nossa história
Com trinta mil carinhos.

ESTRIBILHO
V
A Rainha está no céu
É um ser celestial
É a Rainha da Paz
Abençoa Portugal.

ESTRIBILHO


REI D. DINIS
- Décima do grupo –
Eu era o Rei D. Dinis
Um bom Rei de Portugal
Defendi sempre o edital
De ser cristão o País
Tive um tempo infeliz
Para mim foi como o fel
Meu filho Afonso Manuel
Foi-se contra mim revoltar
Mas eu fui-lhe perdoar
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

VASSALO MOR
- Décima do Grupo –

Eu era o Vassalo do Rei
Cumpria a minha obrigação
Sempre de chicote na mão
Algumas chicotadas dei
Sempre nos escravos mandei
Desempenhei o meu papel
O meu nome é Samuel
Aqui e em toda a parte
Guerreiro é a minha arte
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

ESCRAVO 1.º
- Décima do Grupo –

Cá estamos a sofrer
Chorando lágrimas sem fim
Aquela Santa para mim
Tanto me veio socorrer
Dá-me comer e beber
Hoje só me tiram a pele
Eu e o meu companheiro Miguel
Vimos o milagre das rosas
Era das Rainhas mais bondosas
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

RAINHA SANTA ISABEL
- Décima do Grupo –

Eu tenho bom coração
Toda a gente o deve ter
Ser bom é mesmo um dever
Que temos de obrigação
Sou Isabel de Aragão
Protege-me o Anjo Rafael
Quem ao seu coração apele
Sempre somos correspondidos
Eu atendo quaisquer pedidos
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

AMANTE DO REI D. DINIS
- Décima do Grupo –

Aqui já vivo sem medo
E não preciso de Portugal
Trouxe de lá o capital
E vivo aqui em Toledo
Chegámos aqui bem cedo
Já livrámos a nossa pele
Desempenhámos o papel
Eles lá ficam lutando
Eu vou o meu filho amando
No Grupo da Rainha Santa Isabel.


SOLDADO
(Que avisa o Rei D. Dinis)
- Décima do Grupo -

Fiz parte do COMPLOTE
Para lutar contra d. Dinis
Mas eu fingindo me fiz
Eu mostrei o meu bom porte
D. Dinis era mais forte
Que o meu filho Afonso Manuel
Continuo no meu quartel
Espero de ser reformado
Sou um perfeito soldado
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

INFANTE AFONSO
- Décima do Grupo –

Fui um filho muito ingrato
Mas estou arrependido
Eu andei mesmo perdido
Eu reconheço de facto
Eu ainda de pouco tacto
Meu sangue era de fel
Mas o Anjo Rafael
Fez de mim outra pessoa
E aquela Santa tão boa
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

INFANTE AFONSO
- Décima do grupo –

Eu sou um filho bastardo
Do grande Rei D. Dinis
Fugi para aqui e bem fiz
Poderia ser atacado
Meu pai morreu, está descansado
É o Rei meu irmão, Afonso Manuel
Aqui em Toledo é meu quartel
E sinto-me aqui muito bem
Minha mãe aqui também
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

ESCRAVO 2.º
- Décima do Grupo –

A maldita escravidão
Que nunca mais acabava
Todo o dia trabalhava
E só a água e pão
Tratado como um cão
E chicotadas na pele
Eu construí um painel
Enriqueci Portugal
Santa como ela não houve igual
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

VASSALO 2.º
- Décima do Grupo –

Eu nos escravos mandei
Em mim também mandavam
Eles muito trabalhavam
Eu muita chicotada dei
Do meu companheiro não sei
Fugi para Israel
Eu sou o José Pincel
Estou sempre disposto
Vivo aqui com muito gosto
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

MINISTRO CONSELHEIRO
- Décima do Grupo –

Sou Ministro Conselheiro
De El-Rei D. Afonso Quarto
Para o povo ele é simpático
E eu ganho o meu dinheiro
Da coroa ele foi herdeiro
Desempenha o seu papel
Eu não sou nenhum painel
Faço a minha obrigação
Desempenho esta missão
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

BANDEIRA
- Décima do Grupo –
Todos dizemos… Amem
Quando em ti veneramos
Todos nós te estimamos
Tu és o símbolo aí vem
Se algum milagre aparece
É esse o seu papel
É mais doce que o mel
Para a nossa visão
Adoramos-te do coração
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

MESTRE
- Décima do Grupo –

A Rainha foi santificada
É a Rainha Santa dos Portugueses
Nós as lembramos às vezes
Em dias de nomeada
Será, será sempre lembrada
E o seu coração tão amável
Com a sua virtude incomparável
Com a sua enorme caridade
Sou mestre desta mocidade
No Grupo da Rainha Santa Isabel.

MESTRE 115
Terminou pois o fundamento
Toda a nossa apresentação
Agradeço do coração
A quem ajudou a gente
Ficámos muito contentes
Com a vossa boa atenção
Vamos retirar então
Temos que ir a outro lugar
Queiram tudo desculpar
Quanto à nossa narração.

MESTRE 116
Agradecer pois nada custa
A quem é bem educado
É recebido em todo o lado
Quem leva a moral à justa
Quem educação ajusta
É digno de ser alguém
Quem praticar qualquer bem
Por Deus será recompensado
A todos muito obrigado
Até para o ano que vem
(Bate a bateria a agradecer)

MESTRE 117
Para cumprir o meu dever
Venho aqui pessoalmente
E pode ouvir toda a gente
O que eu venho a dizer
Venho ao senhor agradecer
Porque estou reconhecido
Da rua nos ter cedido
E da vossa boa gratidão
Muito obrigado patrão
Por atender o nosso pedido

MESTRE 118
Desejo-lhe muita saúde
E à sua senhora também
Desejo-lhe todo o bem
E Deus a ambos ajude
Senhor eu o fiz o que pude
Queira-me então desculpar
Temos que ir a outro lugar
Peço a vossa autorização
Receba um aperto de mão
Muito obrigado. Vamos retirar

FIM
Nota: Quando o Mestre está a agradecer ao
“Dono da Rua”, o Grupo está disposto em duas filas paralelas. Quando acaba o agradecimento, rebenta a bateria (orquestra) e todos os elementos do agrupamento dizem: ATÉ PARA O ANO SE DEUS QUIZER.

Conversa entre o Trigo e a Erva

CARRAPATELO
Francisco Baltazar “”Ti Passinhas” (71 anos) Ano 1977 Analfabeto

Isto é a erva. É o trigo a falar por causa da erva.
Muitas das vezes abafa-o. E dá cabo da serara.
É por isso que o trigo fala:

MOTE
Ó erva tu não és boa
Nunca devias nascer
Eu sou o trigo espalhado
Para toda a gente comer
I
Ó erva tu não devias
Na terra enraizar
Vens ao mundo a brejear
Se t’apanhas regadia
Cresce de noite e de dia
Até mesmo que alguém se doa
Desgraçada da pessoa
Que tu a seara lh’abafas
Até a terra lh´estafas
Ó erva tu não és boa.
II
Se à primavera chegares
É assim que estás contente
Por isso é que há tanta gente
Que te vai a arrancar
Tu queres por força apanhar
Tudo, para mais nada viver
A posse que tu queres ter
Nunca pode ser assim
Há anos que me fazes assim
Nunca devias nascer.
III
Sou a planta mais mimosa
Que neste mundo se cria
Se Deus me dá fantasia
De me ver meu dono goza
Sou planta maravilhosa
De todos sou elevado
Tudo tenho sustentado
Sem mim não podem viver
Quero dar à erva a saber
Eu sou o trigo espalhado.
IV
Se eu um ano não nascesse
O que seria do cristão
Estando um ano sem haver pão
Talvez que tudo morresse
Se eu desaparecesse
Que não me tornassem a ver
Como é que podia ser
Durar isto muito tempo
Se eu dou pão para o sustento
Para toda a gente comer.

AGORA RESPONDE A ERVA

MOTE
Tu és trigo e eu sou erva
Nós podemos ser iguais
Tu sustentas os humanos
E eu sustento os animais.
I
Ó trigo és meu irmão
Nascido do meu vale
Tu de mim não faças caso
Que não perdes a feição
Eu também tenho razão
Que a terra é que nos conserva
Com a fresquidão da névoa
Deito raízes ao chão
Eu dou carne e tu dás pão
Tu és trigo e eu sou erva.
II
Sou planta abandonada
Nascida ao rigor do tempo
Eu contudo me contento
Com terra sem ser lavrada
Comigo não gastam enxada
Crio-me nos brejos e (vais)vales
Eu aumento os capitais
Tu encontras-me firmeza
Dou interesses sem despesa
Nós podemos ser iguais.
III
Ó trigo na tua sementeira
Tu andas sempre empenhado
Pois tu só comes prestado
Da poderosa oliveira
É assim que é a maneira
Contigo há tantos enganos
Só dás erros nos planos
E comes interesses dos prado
Que dás sustento aos humanos.
IV
Tu queres ser tão gabado
Mas não é como tu dizes
Há já muitos infelizes
Por tu não dares resultado
Já muitos se têm matado
Por perderem cabedais
Ó trigo tão falso sais
Que só dizes mal de mim
Olha que eu não sou ruim
Eu sustento os animais.