Era uma vez um General muito barrigudo e com um enorme bigode, o que mostrava ser uma pessoa muito respeitada. Mas era muito ganancioso. Tão ganancioso que queria enriquecer em pouco tempo.
O General, pensou, pensou, afagou o seu enorme bigode, e achou que a forma mais fácil e rápido de enriquecer, era roubar o Rei. Então um dia, esperou que o Rei recebesse o dinheiro dos impostos dos seus súbitos e decidiu roubar uma pipa de libras de ouro ao Rei. Quando o Rei descobriu o roubo, decidiu castigar o General, mas não sabia ainda bem como o havia de fazer.
O Rei pôs-se a pensar..., passou a mão pela sua enorme barba, afagando-a, pensou, pensou… Já sei. Como ainda há muita terra para cultivar e povoar, vou desterrar o General para um lugar onde não veja ninguém. Que esteja isolado do resto do reino. Deixa estar que ele há-de gastar todas as libras de ouro que me roubou e com elas há-de beneficiar todo o meu reino. Vou desterrá-lo para uma grande serra, cheia de perigosos penhascos, onde haja muito frio e muita neve no Inverno. Ele há-de sofrer muito, pensou para consigo.
Ao chegar à serra, o General não se atrapalhou. Como tinha muito dinheiro que não lhe tinha custado ganhar, decidiu comprar as melhores terras do vale, que eram banhadas por um rio e cujas águas eram provenientes da neve que caia durante todo o Inverno. Espalhados por uma grande parte das terras, já existiam alguns castanheiros que davam castanhas, mas faltavam outras árvores de fruto. Como o rio tinha sempre muita água para poder regar, mandou plantar um pomar constituído por laranjeiras, limoeiros, pereiras, macieiras e tangerineiras, para poder ter fruta sempre fresca durante as várias estações do ano. Faltava o vinho. Então, mandou plantar uma vinha e algumas parreiras para poder ter uva de mesa.
O General mandou construir uma enorme casa com paredes de granito e tinha tantas portas e janelas quantos dias tem o ano. Em redor da casa mandou construir um muro muito alto com pedras de granito. Nesse mesmo muro havia também muitas frestas que serviam para o General se defender dos ladrões. Aliás, aquelas frestas, já em tempos serviram no castelo agora em ruínas, para os seus habitantes se defenderem dos invasores e dos ladrões.
Há muitos atrás, existiu um castelo no cimo da serra, cujas pedras estavam agora espalhadas por uma vasta área. Ora, o General, mandou carregar as enormes pedras em carros de bois, por naquele tempo ser o único meio de transporte, e que as descarregassem no local destinado à construção da casa e do enorme muro.
Como a casa era muito grande e as terras tinham que ser cuidadas, o General contratou alguns trabalhadores que viviam na quinta com os filhos.
O General, para além de ser muito ganancioso, era também muito medroso. Tinha medo que os ladrões lhes roubassem as libras de ouro que ele tinha roubado ao rei. Então mandou construir uma passagem secreta que ligava a casa à serra, para em caso de ser atacado pelos ladrões poder fugir e levar consigo todas as libras de ouro.
Na quinta, havia três crianças que um dia resolveram fazer uma aventura; Ir ver até onde ia dar a passagem secreta que o General tinha mandado fazer. Andaram, andaram durante várias horas. Finalmente chegaram ao fim da passagem secreta. Mas qual não foi o seu espanto, quando verificaram que não havia porta de saída, o que quer dizer que o General não tinha terminado a passagem secreta, por ter gasto todas as libras de ouro roubado ao Rei.
Luís de Matos