Numa das minhas idas Terena, algumas vezes, no meu regresso a Évora, faço uma pequena paragem no Centro Cultural das Hortinhas para aí tirar um petisco, daqueles que a Felizarda sabe fazer muito bem ou comprar uma garrafita de água para a viagem e ser pretexto para dois dedos de conversa com alguns amigos. Numa dessas ocasiões, foi-me contada uma pequena história.
Diz-me o Piteira e para quem não conhece, é um pequeno construtor civil que mora nos Orvalhos. Homem dos seus cinquenta anos, magro, alto. de farfalhudo bigode e bom falador.
- No tempo em que a lavoura era feita com parelhas de muares, o ti Parente e o ti Domingos Crespo, também da Aldeia de Orvalhos eram carreiros à dum lavrador qualquer, que não me soube identificar, mas de certeza que era ali perto da aldeia. Contou-me que o ti Domingos Crespo quando ia dar a ração às bestas, tratava de catar uma porção de favas, o que fazia com que andasse sempre com os bolsos cheios para ir comendo. O ti Parente pensou em pregar-lhe uma partida ao ti Domingos, mas os outros companheiros, avisaram-no.
- Parente, olha que eles têm lá um macho, que é bravo “pra valeri”, que espezinha as pessoas todas, o melhor é estares “queto”. Espezinha-te todo e morde-te, vás a “veri”.
- Mas eu “nan” tenho medo. Era o que mais havia de “faltari”. “Atan nan” vez quê tenho que fazer alguma coisa? Dizia o ti Parente.
Vai daí, o que é que vocês pensam que ele inventou?
- Pegou em duas ferraduras e fazia barulho com elas, que mesmo parecia o macho a andar. Diziam os outros carreiros:
- Ó Domingos! Olha que vem aí o macho.
- E o Parente a meter medo ao Domingos Crespo.
- Quando este se apercebeu que era o Parente, logo pensou em pregar-lhe também uma partida.
- O Domingos Crespo abriu a “perciana” e meteu duas moscas vivas, que são duma raça “munto picanina”, que são brutas, nunca largam os animais. Picam que se fartam. É que são mesmo brutas hã e meteu-as, dentro duma caixa de fósforos e colocou a caixa dentro da almofada.
- O Parente assim que se deitava, as moscas faziam um grande zumbido junto aos ouvidos, o que fazia com que este não conseguisse dormir.
- “Ca” diabo se passa aqui? Voltava novamente a pôr a cabeça na almofada, mas o zumbido continuava. Claro, cedo se apercebeu que era partida do companheiro Domingos. Ficou bruto, mas não deixou de ter a sua graça.
Diz-me o Piteira e para quem não conhece, é um pequeno construtor civil que mora nos Orvalhos. Homem dos seus cinquenta anos, magro, alto. de farfalhudo bigode e bom falador.
- No tempo em que a lavoura era feita com parelhas de muares, o ti Parente e o ti Domingos Crespo, também da Aldeia de Orvalhos eram carreiros à dum lavrador qualquer, que não me soube identificar, mas de certeza que era ali perto da aldeia. Contou-me que o ti Domingos Crespo quando ia dar a ração às bestas, tratava de catar uma porção de favas, o que fazia com que andasse sempre com os bolsos cheios para ir comendo. O ti Parente pensou em pregar-lhe uma partida ao ti Domingos, mas os outros companheiros, avisaram-no.
- Parente, olha que eles têm lá um macho, que é bravo “pra valeri”, que espezinha as pessoas todas, o melhor é estares “queto”. Espezinha-te todo e morde-te, vás a “veri”.
- Mas eu “nan” tenho medo. Era o que mais havia de “faltari”. “Atan nan” vez quê tenho que fazer alguma coisa? Dizia o ti Parente.
Vai daí, o que é que vocês pensam que ele inventou?
- Pegou em duas ferraduras e fazia barulho com elas, que mesmo parecia o macho a andar. Diziam os outros carreiros:
- Ó Domingos! Olha que vem aí o macho.
- E o Parente a meter medo ao Domingos Crespo.
- Quando este se apercebeu que era o Parente, logo pensou em pregar-lhe também uma partida.
- O Domingos Crespo abriu a “perciana” e meteu duas moscas vivas, que são duma raça “munto picanina”, que são brutas, nunca largam os animais. Picam que se fartam. É que são mesmo brutas hã e meteu-as, dentro duma caixa de fósforos e colocou a caixa dentro da almofada.
- O Parente assim que se deitava, as moscas faziam um grande zumbido junto aos ouvidos, o que fazia com que este não conseguisse dormir.
- “Ca” diabo se passa aqui? Voltava novamente a pôr a cabeça na almofada, mas o zumbido continuava. Claro, cedo se apercebeu que era partida do companheiro Domingos. Ficou bruto, mas não deixou de ter a sua graça.
Luís de Matos